sexta-feira, 27 de novembro de 2009

GIGANTE É A NOSSA FÉ!



Há dois dias atrás, quando muitos rubro-negros entravam aqui no URUBUZADA e no Twitter decepcionados e cabisbaixos para comentar ou enviar e-mails sobre o triste empate contra o Goiás, recebi do meu amigo e rubro-negro, Daniel Oksenberg, uma mensagem muito emocionante. Trata-se de um relato de uma época em que o Flamengo era muito mais Flamengo do que tem sido nos últimos anos, uma época em que os jogadores eram mais paixão e menos dinheiro. Algo que me trouxe alegria e acalento nesta fase final. E que certamente vai devolver esperança àqueles que já estavam entregando os pontos.

Leiam e acreditem.

Gigante mesmo é a nossa fé
*Por Maurício Neves

Faz vinte e um anos, mas a lembrança é nítida como o contraste do vermelho e preto contra o verde do gramado. Vínhamos fazendo um campeonato brasileiro irregular e, durante os Jogos Olímpicos de Seul, fomos privados de Zé Carlos e Bebeto. Diante disso, e com a contusão de Zico, fomos obrigados a mandar a campo Delacires e Luvanores, com o velho Cantarele no gol, grande Canta, figura histórica, mas que naquele fim de carreira levou até gol do meio da rua, contra o Santa Cruz, no Maracanã.


Ficamos quatro jogos sem vencer. Mas aí chegou Telê Santana, Zico voltou ao time e fez uns golaços, Sérgio Araújo foi contratado e encaixou. Vencemos Santos, Guarani – um contundente 5x1 em pleno Brinco de Ouro – e Criciúma em seqüência, e para fechar o turno empatamos fora com Cruzeiro e Coritiba.


Havia uma animação geral no começo do segundo turno. Mas perdemos para o Inter no Beira-Rio, mesmo com Zicão metendo um dos mais belos gols de sua iluminada carreira. Aí escorregamos diante do Palmeiras, e com outras duas derrotas diante de São Paulo e Vitória, todos disseram: o Flamengo está fora, não chega entre os oito.


A coisa piorou de vez no Fla-Flu. Vencemos por 1x0, mas Zico se machucou de novo. Parecia que só restava terminar o campeonato com dignidade. Parecia, porque depois do Fla-Flu vencemos mais três jogos, um atrás do outro: Atlético Paranaense no Rio, Portuguesa no Canindé e Bangu, sob um sol escaldante, com um gol espírita de Alcindo. Doze pontos ganhos em doze pontos disputados. A duas rodadas do fim, estávamos no páreo.


O penúltimo jogo foi contra o Goiás, no Serra Dourada. O Flamengo pareceu sentir o esforço da arrancada de quatro vitórias, e não saiu do zero a zero. Naquele ano empate levava para os pênaltis, e o vencedor do desempate ficava com dois pontos, sobrando unzinho para o perdedor. Perdemos e saímos de Goiânia quase eliminados.


Na última rodada precisávamos vencer o Atlético Mineiro no Maracanã, e torcer por um tropeço – um empate que fosse – do Sport contra o Vitória, na Ilha do Retiro, ou do São Paulo contra o Goiás, no Morumbi. Era muito pouco provável que os já eliminados Vitória e Goiás aprontassem para cima dos tricolores pernambucano (vermelho, preto e amarelo) e paulista. Só um milagre, disse Celso Garcia na Rádio Globo, só um milagre para o Flamengo se classificar. Mas eu acredito em milagres, disse o mesmo Celso Garcia.


Na época não tinha pay-per-view, e eram raros os jogos ao vivo na telinha. O nosso passou na Globo, e foi ao pé do rádio que acompanhei os outros dois embates que nos interessavam. Segundo tempo já, o zero a zero teimava no Maracanã, no Morumbi e na Ilha do Retiro, até que Zinho apanhou uma bola desviada pela defesa, deu uma caneta num atleticano e chutou cruzado, rasteiro, para fazer 1x0. A massa rubro-negra ainda comemorava quando vieram as notícias ruins: quase ao mesmo tempo, Raí fazia 1x0 para o São Paulo, e o Sport também havia aberto o placar.


Desliguei a televisão e fiquei só no rádio. José Carlos Araújo narrava no Maracanã, e de repente perguntou a Maurício Menezes, o Danadinho, como estava o jogo no Recife. - Nada bom para o Mengão, disse Maurício, aqui só dá Sport. Então o Garotinho passou a bola para São Paulo e perguntou a Luís Carlos Silva: - E no Morumba, dá para o Goiás, Lula?


- Está difícil, disse o Lula, mas opa!, agora tem uma falta pro Goiás, Garotinho! Eu chamo de novo quando for sair a cobrança! Eu fiquei esperando o chamado, a cobrança, o gol do milagre de Celso Garcia. Luís Carlos Silva chamou, e o Garotinho disse: - Vai você, Lula!


E o Lula foi: - Atenção, Jorge Batata correu, atirooooou... LÁ DENTRO!!! Gooooooooooooooll!!! Eu pulei sozinho na sala, as vinhetas do Goiás e do Flamengo se misturaram, liguei de novo a televisão, aumentei o volume do rádio, vi Sérgio Araújo fazer o segundo do Flamengo e ouvi Luís Carlos Silva narrar o abafa inútil do São Paulo.


Vencemos, e o mesmo Goiás que havia complicado a nossa vida, complicou a vida do São Paulo. O Flamengo, que o país dava por morto e enterrado, estava classificado para as finais do campeonato brasileiro. Depois do jogo, na Rádio Globo, o vascaíno Áureo Ameno dizia que a sorte do Flamengo era gigante, quando foi interrompido por Celso Garcia: - Nada disso, Áureo. Gigante mesmo é a nossa fé.


Eu repito, duas décadas depois: gigante mesmo é a nossa fé.
 

VAMO QUE VAMO, MENGÃO! EU ACREDITO NO HEXA!

Gil

5 comentários:

Léo Brito disse...

A minha tem que estar muito grande, pois nunca vi e nunca cheguei tão perto de um título brasileiro. 200 cabeças na fila às 5h da matina no primeiro dia de venda? Acho que a fé da nação e dos verdadeiros rubro-negros é GIGANTE!

Eu acretido no Hexa e São Judas Tadeu vai nos ajudar!

Vamos nessa!

Bruh disse...

mereço um belo presente de 25 anos: o hexa.
faço niver dia 11/12, mas ficaria feliz demais com o presente adiantado.
que o spfc tropece feio contra o goiás e que o fla destrua o corinthians.
Assim, seja.
Amém.
;*

Anninha disse...

Eu fiquei arrazada, mas aquele fatídico jogo Fla x Goiás passou, agora é bola pra frente e acreditar até o fim. As chances são reais, temos que pensar positivo agora. Meu filho (a) nasce ano que vem, seria muito especial pra mim se nascesse no ano em que o Flamengo é hexa. Já disse que se o Mengão for campeão e for menino, darei o nome do jogador que for mais decisivo pro título nesses jogos finais, hehe.
SRN

Caio de Almeida disse...

Gil, vou te confessar: muita emoção este texto. Quase chorei. Parabéns ao autor.

SRN

Raquel Santana disse...

Vou concordar com o Caio em gênero, número e grau...

SRN