A SOMA DE TODOS OS MEDOS

O Flamengo de 2010 cometeu quase todos os possíveis pecados que podem levar um time rumo à segundona. Polêmicas envolvendo jogadores e a polícia; problemas físicos e técnicos no elenco, que é limitado e envelhecido; acusações ao Zico, que tem visto seu trabalho ser minado por um verdadeiro "golpe branco" formado por membros do conselho, jornalistas e até torcedores, que vêm servindo como massa de manobra pros manda-chuvas rebeldes; além dos já conhecidos problemas gerenciais e financeiros do clube, transformam o Clube de Regatas do Flamengo numa panela de pressão, que pode explodir, culminando com um resultado desastroso, um ano após o sexto título brasileiro...

Mas onde esta história começou e o que podemos fazer para ajudar?

Essa história toda começa lá atrás, nas eleições, e portanto pela diretoria, no momento em que Patrícia Amorim fez diversas alianças para alcançar a presidência e se viu, com apenas 20 dias no comando do Mais Querido, atacada por alguns de seus aliados.

Além de ser a primeira mulher presidente do clube, e com isso despertar o preconceito e a cobiça dos machistas de plantão (e são INÚMEROS), que acreditam que por isso ela não teria forças para prosseguir na presidência, Patrícia caiu na besteira de manter na Gávea pessoas afeitas as gestões anteriores, imaginando que poderia obter a simpatia deles através da simpatia e de alguns atos políticos.

Incauta, a presidente resolveu agir moderadamente num cenário que exigia energia. Com a absurda pressão que se sucedeu, orquestrada dentro do clube exatamente por algumas destas pessoas que ela manteve e extravada para a torcida, acabou metendo os pés pelas mãos e incorreu no erro de convidar seu marido, o economista Fernando Sihman, para opinar sobre um assunto oficial do clube do qual ele não tinham tanto conhecimento assim: a demissão de Andrade e toda a cúpula do futebol.

A partir deste momento, Amorim ofereceu aos seus adversários as armas necessárias para derrubar sua gestão aos poucos, coisa que vinha sendo feita nos bastidores. Nessa altura do campeonato, o time ainda estava na Libertadores, mas já se via cercado pelas polêmicas envolvendo Adriano, Joanna e Vagner Love e a Chatuba.

Mas Patrícia teve uma grande idéia para "revidar" em alto estilo a tudo o que vinha sofrendo. Algum tempo e muitas dispensas depois, vendo que sua gestão estava cada vez mais fragilizada e desprestigiada, a presidente anunciou a contratação de Zico para o cargo de Diretor de Futebol do Flamengo. A torcida, embevecida,  colocou uma pedra sobre tudo o que havia acontecido e iniciou-se um novo ciclo na Gávea.

Mas, bastou o primeiro dia após o anúncio oficial, para o maior ídolo da história do Flamengo em campo ser questionado fora dele. Todas as correntes derrotadas na eleição por Patrícia e até alguns membros de sua própria diretoria, que mantém o desejo de chegar ao comando do clube, sabiam que a contratação de Zico, tentada por inúmeras gestões anteriores, era uma cartada poderosíssima para o futuro do Flamengo e para a fundamentação de Patrícia no poder.

Desta forma, toda sorte de declarações e insinuações perversas começaram a pipocar na mídia, lançadas pelos "repórteres de crises", magoados com a postura do Galo de não alimentar a especulação, e alimentadas por uma imensa parcela da torcida, os "modinhas". Capitão Léo, o principal autor dos ataques, questionava a relação comercial que Zico teria com o clube, a posição do Galo na hierarquia, sua autonomia e tudo mais. O desespero era tamanho, que chegou-se a dizer que Zico, por receber seus dividendos de patrocinadores e não do Flamengo, não estaria sob a tutela dos dirigentes. Mas esses foi apenas o primeiro de incontáveis ataques que o agora diretor Arthur Antunes Coimbra sofreria.

Notando não ser possível "derrubar" Zico questionando apenas sua postura com relação ao Flamengo, o "golpe branco" voltou seus canhões imorais para a imagem do ídolo. Começaram um rodízio covarde de acusações que envolveram desde a família do ex-craque, algo que Zico sempre prezou, até um possível interesse financeiro de Zico nas contratações feitas para o Flamengo.

É fato que todos os nossos reforços chegaram tarde. É fato também que todos vieram sem condições físicas e que isso prejudicou o nosso rendimento na competição. É fato que essas decisões cabiam ao Zico e a diretoria e que o erro é deles. Mas o que deve ser destacado é que NINGUÉM está ajudando o clube neste momento. O interesse dessa galera que expõe as chagas do clube é prejudicar a Patrícia e, agora, o Zico, porque eles estão onde seus algozes gostariam de estar. E muitos de nós, que entramos nessa onda de atacar o Zico, pedir o impeachment da Patrícia neste momento, estamos entrando no jogo deles e usando gasolina para apagar o fogo, um fogo que já tem muita gente interessada em alimentar.

Para o Flamengo sair da atual situação, precisamos nos unir e deixar de lado os sentimentos egoístas e mesquinhos sobre o Flamengo. Cada um gostaria de uma coisa pro clube, mas apenas uma coisa é possível. Alguns gostariam de estar no comando do clube. Outros gostariam de ver um timaço em campo, vencendo todas as partidas pra poder zoar geral na escola, no trabalho, na vizinhança. Outros sonhavam em ter o Zico ao lado no comando do futebol. Outros querem o Silas fora e o Luxemburgo dentro. Mas em vez de pensarmos no que é o melhor para nós, que tal darmos valor ao único sentimento que nos une, aliados e adversários, amigos e inimigos, otimistas e pessimistas: o amor ao Clube de Regatas do Flamengo?

VAMO QUE VAMO, MENGÃO!

Gil