sexta-feira, 7 de maio de 2010
SALVADOR DA PÁTRIA
A indefinição quanto ao departamento de futebol do Flamengo já está começando a me incomodar seriamente. E não estou sozinho nessa, posso garantir. O motivo de minha inquietação é simples: a Copa do Mundo vem aí, as janelas de negociação se reabrem e o Flamengo ainda não conta com ninguém no comando do futebol para projetar o time para o Brasileirão 2010 e para as finais da Libertadores.
Justificável a irritação, né?
Pois bem. Li que a Patrícia Amorim, em pessoa, assumirá as renovações de contratos e as negociações do time nesta etapa. O problema é que, além de ter certeza que ela não é especialista no assunto (não por ser mulher, que fique claro), custo a crer que nossa presidente efetivamente terá tempo disponível para assumir tal tarefa com a importância e a agilidade demandas nessa altura do campeonato.
É claro que fiquei feliz com a decisão do afastamento do Marcos Braz. É claro que fiquei feliz com a classificação da equipe para as quartas da maior competição do continente. É claro que estou satisfeito em ver os jogadores se empenhando mais em campo, já que a condição técnica ainda não predomina. É claro que não pretendo conturbar o ambiente justo nesse momento. Mas é URGENTE que se toque no tema planejamento e comando para que a "bola de neve" não se transforme numa "avalanche" e arrase (mais uma vez) nosso clube lá na frente, num ano que tem potencial para ser o mais importante de nossa história desde 1981.
Cansei de ver o Flamengo perder para si próprio, por sua desorganização. Está na hora de planejar melhor para agir melhor (e mais rápido).
Quando iniciou a gestão Patrícia Amorim, resolvi dar uma esperada (por questão de justiça e pelo benefício da dúvida) para ver do que ela seria capaz. Meu apoio nas eleições iria, inicialmente, para o João Henrique Areias (por quem, inclusive, fui convidado para participar da chapa). No entanto, alguns "pequenos equívocos" começam a pôr em risco tudo o que nossa ex-atleta e, agora, presidente, pôs em prática até o presente momento. E o primeiro "erro" a ser destacado é o excesso de diplomacia.
Patrícia já afirmou outrora, em entrevista, que nenhuma de suas decisões seria emocional, já que ela é uma política profissional. De toda maneira, não me parece inteligente, tampouco aconselhável, detectar rachaduras num dique e ignorá-las, imaginando que não vazarão. O melhor é tomar uma postura mais ativa e resolver o problema antes que surja uma grande inundação. E é notório que sua gestão está repleta de "infiltrações" de gestões anteriores - em todos os departamentos - e que essas "infiltrações" não vêm sendo tratadas com a devida importância.
Vou exemplificar para vocês entenderem melhor aonde quero chegar: quando uma empresa absorve outra ou um novo diretor assume um departamento estratégico, uma de suas primeiras decisões é demitir todo mundo. Pode ser duro, triste e constrangedor sob o ponto-de-vista pessoal, mas isso, corporativamente falando, significa "eliminar qualquer vestígio dos procedimentos e da cultura da gestão anterior". É duro? É! É certo? Não sei. É prudente? Certamente! Mas a Patrícia não fez isso. Resolveu ser moderada, diplomática, parcimoniosa, como realmente parece ser a sua personalidade. Manteve o Marcos Braz e mais um monte de gente que estava "embebida" de toda a visão de Flamengo de Marcio Braga e Kleber Leite.
A questão é que agora Patrícia parace ver os adversários passando a corda por seu pescoço e formando um laço, sem saber o que fazer (ou sem se incomodar).
Algumas situações cotidianas provam que não estou falando besteiras ou viajando numa teoria da conspiração:
1) O comunicado (aquela carta-resposta debochada) que o Kleber Leite botou na rua após as acusações da Patrícia nas eleições da CBF, foi disparado lá de dentro da Gávea.
2) As fofoquinhas que chegam a determinados jornalistas e que, posteriormente, acabam sendo publicados nos "tablóides" imprensos e da internet geralmente saem de jogadores, conselheiros e até dirigentes da Gávea.
3) As informações confidenciais sobre contratações, brigas de vestiário, dívidas do clube e outras são repassadas sem filtro por jogadores, funcionários e (novamente) dirigentes.
Entendo que estou sendo redundante ao insistir nesse assunto. Sei que já falei outras vezes que o Flamengo pode ser popular, mas não deve NUNCA ser domínio público. Mas não ligo em persistir, porque o que me importa é o bem deste clube que amo. Desta forma, só pretendo parar de falar e escrever sobre isso quando tais coisas pararem de acontecer. E a minha mais profunda crença é que esse ciclo só se encerrará quando o clube tiver uma direção (no sentido de direcionamento, não só de comando) mais profissional.
Tá na hora (na verdade, já passou) de rever esse estatuto arcáico, de dividir as atividades do clube em núcleos independentes, geridos profissionalmente (como foi plataforma de campanha da atual presidente) ou mesmo em transformar o Clube de Regatas do Flamengo em empresa ou coisa que o valha.
Sei que muitos vão vir dando xiliquinho, com documentos e relatórios nas mãos, atestando que o futebol-empresa não deu certo em Palmeiras, Bahia e etc. Mas se não dá pra comparar esses clubes com o Flamengo dentro de campo, porque vamos nos comparar a eles fora?
Somos diferentes. E precisamos fazer isso valer de uma vez por todas.
VAMO QUE VAMO, MENGÃO!
Gil
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2 comentários:
Infelizmente recever o estatuto arcaico não é fácil.
E a Patricia sempre disse que o cargo dela é politico e está provando com as atitudes dela.
Mas ela tem que contratar alguém pra gerir o futebol até porque, pelo que eu saiba, político não administra nada.
Bjs querido!
Tb concordo, que assim como nas empresas, no Flamengo existem costumes (cultura organizacional), que somente cortando o mau pela raiz para que a Presidenta consiga trabalhar e obter os resultados necessários.Esse negócio de muita diplomacia tb não dá certo. Tá na hora de começar a agir, mostrando pulso forte e cercando-se de pessoas com conhecimento e amor ao Flamengo.
Abços
SRN
DalvaFerreira
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